domingo, 29 de maio de 2011

REAGE, RIO GRANDE!

Gilberto Jasper, jornalista - Zero Hora 28/05/2011


O Rio Grande tem 306.651 pessoas vivendo em extrema pobreza. Desse contingente, 45% são crianças e adolescentes. Os dados, estampados na edição do dia 26 em Zero Hora, integram a categoria do “tudo que está ruim pode ficar ainda pior”. Deparar com estas informações motivou um misto de tristeza, revolta e vergonha. Aos 50 anos, cresci à sombra de slogans ufanistas do tipo “Rio Grande, celeiro do Brasil”.

Cansei de percorrer o Estado e vislumbrar tapetes tingidos por lavouras de soja, trigo, sorgo, milho e tantas outras culturas que levaram os gaúchos a desbravar o Brasil. Confesso, no entanto, que hoje a imagem que constrange é de cinturões de casebres construídos por caliça e todo tipo de lixo nas mais diversas regiões.

O dado de que 38% do contingente de miseráveis gaúchos é constituí-do de menores de 14 anos é o tiro de misericórdia em nosso orgulho. É hora de reagir! Olhar para dentro de nós para admitir erros, conter esta ânsia atávica para o conflito. Unir esforços, competências e capacidades. A “grenalização” ultrapassou os estádios, ganhou os parlamentos, chegou às entidades empresariais e sindicais, varou as instituições fiadoras da estabilidade constitucional e levou o Rio Grande do Sul a um poço que parece infindável.

Na educação, os resultados são ainda mais constrangedores e talvez a base dos números estatísticos lamentáveis. O quadro é de escolas depredadas pelo descaso, educadores desmotivados e alunos em busca de uma refeição. Não é preciso ser especialista em didática para prever as consequências.

O esvaziamento gradativo dos municípios com base na produção primária é outro reflexo danoso. Insistir na agricultura é um exercício de teimosia agravado por preços mínimos irrisórios, descaso oficial do discurso demagógico e a completa ausência de estímulo à capitalização e ao aumento da produção.

Com base nesta breve análise, prevê-se que cada divulgação do IBGE motivará surpresa e vergonha. O outrora “Estado mais politizado do país” vive outros tempos. Sem reação imediata, em breve restará muito pouco a lamentar.

http://blogdainseguranca.blogspot.com/2011/05/reage-rio-grande.html

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