Gilberto Jasper, jornalista - Zero Hora 28/05/2011
O Rio Grande tem 306.651 pessoas vivendo em extrema pobreza. Desse contingente, 45% são crianças e adolescentes. Os dados, estampados na edição do dia 26 em Zero Hora, integram a categoria do “tudo que está ruim pode ficar ainda pior”. Deparar com estas informações motivou um misto de tristeza, revolta e vergonha. Aos 50 anos, cresci à sombra de slogans ufanistas do tipo “Rio Grande, celeiro do Brasil”.
Cansei de percorrer o Estado e vislumbrar tapetes tingidos por lavouras de soja, trigo, sorgo, milho e tantas outras culturas que levaram os gaúchos a desbravar o Brasil. Confesso, no entanto, que hoje a imagem que constrange é de cinturões de casebres construídos por caliça e todo tipo de lixo nas mais diversas regiões.
O dado de que 38% do contingente de miseráveis gaúchos é constituí-do de menores de 14 anos é o tiro de misericórdia em nosso orgulho. É hora de reagir! Olhar para dentro de nós para admitir erros, conter esta ânsia atávica para o conflito. Unir esforços, competências e capacidades. A “grenalização” ultrapassou os estádios, ganhou os parlamentos, chegou às entidades empresariais e sindicais, varou as instituições fiadoras da estabilidade constitucional e levou o Rio Grande do Sul a um poço que parece infindável.
Na educação, os resultados são ainda mais constrangedores e talvez a base dos números estatísticos lamentáveis. O quadro é de escolas depredadas pelo descaso, educadores desmotivados e alunos em busca de uma refeição. Não é preciso ser especialista em didática para prever as consequências.
O esvaziamento gradativo dos municípios com base na produção primária é outro reflexo danoso. Insistir na agricultura é um exercício de teimosia agravado por preços mínimos irrisórios, descaso oficial do discurso demagógico e a completa ausência de estímulo à capitalização e ao aumento da produção.
Com base nesta breve análise, prevê-se que cada divulgação do IBGE motivará surpresa e vergonha. O outrora “Estado mais politizado do país” vive outros tempos. Sem reação imediata, em breve restará muito pouco a lamentar.
http://blogdainseguranca.blogspot.com/2011/05/reage-rio-grande.html
Uma crítica ao sistema, não à Instituição. Nenhum setor da nossa sociedade jamais poderá funcionar a contento sem um sistema de justiça eficiente. Todos eles: educação, saúde, trânsito, administrações públicas, dependem de uma organização chamada JUSTIÇA, que deve cuidar para que as regras do jogo do sistema que chamamos de SOCIEDADE sejam respeitadas por TODOS.
domingo, 29 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
11 anos depois...
Assassino confesso!!!! da advogada Sandra Gomide, Pimenta Neves havia sido condenado a 19 anos de prisão por júri popular, em 2006, mas conseguiu, no STJ (Superior Tribunal de Justiça), reduzir a pena para 15 anos, em regime inicialmente fechado.
Pimenta Neves continuava solto graças a diversos recursos propostos por sua defesa em diversos tribunais.
A ministra Ellen Gracie chegou a dizer que o caso Pimenta Neves era um dos delitos mais difíceis de se explicar no exterior. "Como justificar que, num delito cometido em 2000, até hoje não cumpre pena o acusado?", afirmou, dizendo que a quantidade de recursos apresentados pela defesa do jornalista era um "exagero".
Justiçã foi feita???
O crime foi cometido em 2000! Ele passou dez anos desfrutando da liberdade, e se arranjar alguma doença vai para prisão domiciliar. Justiça foi feita??? Com certeza vai ficar tristinho, depressivo, com pressão alta, daí o Gilmar Mendes o manda para casa de novo.
Não se preocupe assassino, a Justiça Brasileira vai logo te libertar!
Caso DSK: comparação entre sistemas americano e brasileiro
Toda a imprensa repercutiu a prisão do diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn (DSK), acusado de ato obsceno, cárcere privado e tentativa de estupro contra uma camareira de hotel. Algumas diferenças entre os sistemas criminais do Brasil e dos EUA:
1. O suspeito foi submetido a um exame de DNA. A Polícia de Nova Iorque teria obtido um mandado para a coleta de material genético de DSK. Diferentemente do que se passa no Brasil, lá nos EUA não se sustenta a tese de que o acusado tem o direito de recusar-se a passar por perícia de genética forense. Um juiz pode autorizar sua realização, e isto não é considerado uma ofensa à garantia contra a autoincriminação.
2. O investigado também foi submetido a reconhecimento pela vítima. Policiais americanos reuniram o suspeito a outros indivíduos parecidos com ele, no que lá chamam de “lineup“, e a vítima o identificou. Entre nós, há quem sustente que o investigado não é obrigado a tomar parte do reconhecimento, ainda que isto se realize de forma passiva.
3. Ao ser conduzido à corte distrital de Manhattan, no dia de sua prisão, o suspeito estava algemado. É o tradicional “perp walk” ou “perpetrator walk“, a caminhada do suspeito. No Brasil, não seria possível fazê-lo, tendo em vista a Súmula Vinculante 11, do STF, que restringe o uso de algemas a situações excepcionais.
4. O suspeito foi preso por decisão da Polícia e do Ministério Público de Nova Iorque, de forma cautelar. Tal prisão é precária e só resiste se confirmada por um juiz após a audiência de “arraignment”. No Brasil, não há este tipo de restrição à liberdade. Mesmo a prisão temporária depende de autorização judicial.
5. Na audiência de “arraignment“, o suspeito pode ser mantido preso (“remand“) ou ser solto mediante o pagamento de fiança (“bail“). No Brasil, qualquer que seja o crime, o investigado pode ser solto sem pagar um tostão. A fiança é uma miragem. Veremos se a Lei 12.403/2011 mudará isto.
6. No caso concreto, a juíza sorteada para o caso negou a fiança de US$ 1 milhão oferecida pela defesa e manteve a prisão de DSK, por considerá-lo um fugitivo em potencial. Aqui no Brasil, certos banqueiros são considerados pessoas acima de qualquer suspeita e são postos imediatamente em liberdade. Alguns fogem rapidinho para a Itália [MCA: alguns juristas e mesmos juízes chegam afirmar que exista um "direito de fugir"...].
http://marcelocunhadearaujo.blogspot.com/2011/05/o-caso-do-diretor-geral-do-fmi.html
1. O suspeito foi submetido a um exame de DNA. A Polícia de Nova Iorque teria obtido um mandado para a coleta de material genético de DSK. Diferentemente do que se passa no Brasil, lá nos EUA não se sustenta a tese de que o acusado tem o direito de recusar-se a passar por perícia de genética forense. Um juiz pode autorizar sua realização, e isto não é considerado uma ofensa à garantia contra a autoincriminação.
2. O investigado também foi submetido a reconhecimento pela vítima. Policiais americanos reuniram o suspeito a outros indivíduos parecidos com ele, no que lá chamam de “lineup“, e a vítima o identificou. Entre nós, há quem sustente que o investigado não é obrigado a tomar parte do reconhecimento, ainda que isto se realize de forma passiva.
3. Ao ser conduzido à corte distrital de Manhattan, no dia de sua prisão, o suspeito estava algemado. É o tradicional “perp walk” ou “perpetrator walk“, a caminhada do suspeito. No Brasil, não seria possível fazê-lo, tendo em vista a Súmula Vinculante 11, do STF, que restringe o uso de algemas a situações excepcionais.
4. O suspeito foi preso por decisão da Polícia e do Ministério Público de Nova Iorque, de forma cautelar. Tal prisão é precária e só resiste se confirmada por um juiz após a audiência de “arraignment”. No Brasil, não há este tipo de restrição à liberdade. Mesmo a prisão temporária depende de autorização judicial.
5. Na audiência de “arraignment“, o suspeito pode ser mantido preso (“remand“) ou ser solto mediante o pagamento de fiança (“bail“). No Brasil, qualquer que seja o crime, o investigado pode ser solto sem pagar um tostão. A fiança é uma miragem. Veremos se a Lei 12.403/2011 mudará isto.
6. No caso concreto, a juíza sorteada para o caso negou a fiança de US$ 1 milhão oferecida pela defesa e manteve a prisão de DSK, por considerá-lo um fugitivo em potencial. Aqui no Brasil, certos banqueiros são considerados pessoas acima de qualquer suspeita e são postos imediatamente em liberdade. Alguns fogem rapidinho para a Itália [MCA: alguns juristas e mesmos juízes chegam afirmar que exista um "direito de fugir"...].
http://marcelocunhadearaujo.blogspot.com/2011/05/o-caso-do-diretor-geral-do-fmi.html
sábado, 14 de maio de 2011
Novidades do Doutor Horror (solto pelo Gilmar Mendes, fugiu para o Líbano onde deve estar curtindo a vida)
Em 23 de novembro de 2010, a Justiça brasileira deu seu veredicto: a clínica de reprodução assistida do médico Roger Abdelmassih fora palco de um show de horror. A acusação de ter estuprado sistematicamente dezenas de pacientes levou o mais renomado especialista em reprodução humana do Brasil ao banco dos réus em 2008. A condenação de Abdelmassih a 278 anos de prisão pelos abusos, no entanto, não encerrou um dos mais dramáticos capítulos da história médica do país. Nos últimos dois anos, o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Polícia Civil investigaram, em sigilo, os procedimentos médicos da clínica e recolheram depoimentos de ex-pacientes de Abdelmassih. Somem-se aos dois inquéritos as revelações feitas a ÉPOCA pelo ex-colaborador do médico, o engenheiro químico Paulo Henrique Ferraz Bastos (leia a entrevista), e chega-se a uma conclusão estarrecedora: parte dos cerca de 8 mil bebês gerados na clínica de Abdelmassih não são filhos biológicos de quem imaginam ser.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI233387-15228,00-DOUTOR+HORROR+TRECHO.html
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI233387-15228,00-DOUTOR+HORROR+TRECHO.html
Relembrando, ele estava preso porque a Polícia Federal informou que ele tentava renovar seu passaporte. A juíza Kenarik Boujikian Felippe determinou que ele fosse preso para evitar sua fuga do país. Sem ao menos perguntar ao advogado por que um homem de 67 anos condenado a 278 anos de cadeia renovaria o passaporte (seria um novo Matusalém?), Gilmar Mendes mandou soltar o passarinho, que agora vai passear sua impunidade no exterior, até que a morte o separe da boa vida.
Crime e castigo
A justiça brasileira está baseada em uma ideologia ingênua que pressupõe a inocência a qualquer custo e de forma inconsequente. Além disso tem a tendência de considerar o criminoso uma vítima da sociedade, como se ser pobre fosse desculpa para roubar, traficar, matar. É incapaz de entender o homem como um ser dotado de vontade, apto a fazer opções, equipado para distinguir o bem do mal.
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Jovens entre 16 e 18 anos são considerados tão inocentes como crianças... só que crianças não matam nem sequestram... engraçado que com 16 anos o jovem já pode votar. Quer dizer que pra votar não são crianças, mas para matar o são? Que ingenuidade... que falta de inteligência...
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"Com leis penais executadas à letra, cada cidadão pode calcular exatamente os inconvenientes de uma ação reprovável; e isso é útil, porque tal conhecimento poderá desviá-lo do crime. Gozará com segurança de sua liberdade e dos seus bens; e isso é justo, porque é esse o fim da reunião dos homens em sociedade".
Cesare Beccaria (1738-1794)
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Jovens entre 16 e 18 anos são considerados tão inocentes como crianças... só que crianças não matam nem sequestram... engraçado que com 16 anos o jovem já pode votar. Quer dizer que pra votar não são crianças, mas para matar o são? Que ingenuidade... que falta de inteligência...
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"Com leis penais executadas à letra, cada cidadão pode calcular exatamente os inconvenientes de uma ação reprovável; e isso é útil, porque tal conhecimento poderá desviá-lo do crime. Gozará com segurança de sua liberdade e dos seus bens; e isso é justo, porque é esse o fim da reunião dos homens em sociedade".
Cesare Beccaria (1738-1794)
Justiça já soltou os assassinos do rapaz em Jaraguá do Sul, apesar do crime ter sido filmado.
Uma câmera de segurança filmou o momento em que o jovem Rafael Santana, de 18 anos, foi agredido em frente a uma boate em Jaraguá do Sul, no Norte de Santa Catarina. Rafael chegou a ser socorrido e levado com vida para o Hospital São José, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo familiares do jovem morto, o provável motivo da desavença foi o fato da vítima estar no local com a ex-namorada de um dos agressores.
O jovem de 18 anos preso pela Polícia Civil de Jaraguá do Sul, suspeito de estar envolvido no espancamento e morte Rafael Sant’Ana, 18 anos, foi liberado horas depois. Outro envolvido, de 17 anos, também foi solto.
Que atitude submissa das pessoas que deveriam defender a sociedade. Os policiais ganham pouco e dão a cara para bater contra os marginais. Mas um juiz que ganha seus R$ 20.000 por mês... para que?? Para que servem essas pessoas??
terça-feira, 10 de maio de 2011
Finalmente um trabalho que resume toda a problemática da impunidade e falta de segurança no Brasil atual.
O problema começa com uma constituição concebida sob o trauma da ditadura e que por isso é permissiva em demasia, o que os desonestos sabem aproveitar muito bem.
Mas o que considero mais importante: mostra que a população brasileira vê a criminalidade como um problema policial, quando o problema é de falta de justiça. O sistema de justiça é que não funciona! E para piorar, em juízes e promotores não podemos votar, não temos o poder de escolha. Eles controlam o sistema que eles mesmo criaram para si, sem pensar na população a quem deveriam servir.
Veja e divulgue!
http://www.slideshare.net/bengo54/a-falncia-da-seg-pub-brasil-4991282
Mas o que considero mais importante: mostra que a população brasileira vê a criminalidade como um problema policial, quando o problema é de falta de justiça. O sistema de justiça é que não funciona! E para piorar, em juízes e promotores não podemos votar, não temos o poder de escolha. Eles controlam o sistema que eles mesmo criaram para si, sem pensar na população a quem deveriam servir.
Veja e divulgue!
http://www.slideshare.net/bengo54/a-falncia-da-seg-pub-brasil-4991282
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Foge do país o médico Roger Abdelmassih, "condenado" a 278 anos de cadeia
O médico estava preso, aguardando recurso de sua defesa diante da sentença que o condenou a 278 anos de cadeia por violentar 37 mulheres (suas pacientes, o que agrava os crimes) entre 1995 e 2008. E aguardava preso porque a Polícia Federal informou que ele tentava renovar seu passaporte. A juíza Kenarik Boujikian Felippe determinou que ele fosse preso para evitar sua fuga do país.
Seu advogado recorreu. Disse que Roger Abdelmassih não pretendia fugir do país, só estaria renovando o passaporte...
Sem ao menos perguntar ao advogado por que um homem de 67 anos condenado a 278 anos de cadeia renovaria o passaporte (seria um novo Matusalém?), Gilmar Mendes mandou soltar o passarinho, que agora vai passear sua impunidade no exterior, até que a morte o separe da boa vida.
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